Queridos irmãos, A Paz do Senhor!
Estamos na DÉCIMA SEGUNDA lição da revista CIDADANIA CRISTÃ - terceiro trimestre de 2009.
Nosso comentarista é o Pastor Dr. Abner de Cássio Ferreira. O tema da semana é:
CONHECENDO AS LEIS DO REINO DE DEUS
Professor: Pr. Leonardo Antonio Garcez
TEXTO ÁUREO
"O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de eqüidade". Sl 45.6
VERDADE APLICADA
O propósito das Leis do Reino de Deus é conduzir seus súditos e agentes à perfeição de Cristo.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
1) Fazer ver que as leis do Reino de Deus inspiram as leis terrenas e ao mesmo tempo são incompatíveis com elas.
2) Incutir na mente e no coração que as Leis do Reino de Deus não são incompatíveis com Sua graça libertadora.
3) Lembrar que fomos libertos da lei do pecado e da morte pela Lei do Espírito de Vida em Cristo Jesus.
GLOSSÁRIO
Quarentena: espaço de tempo (originalmente 40 dias) durante o qual os passageiros procedentes de países onde há doenças contagiosas graves são obrigados a permanecerem a bordo do navio em que viajam, sem contato físico com pessoal de terra ou lazareto (isolados);
Reciprocidade: Qualidade de recíproco (*que implica troca ou permuta, que se permuta entre duas pessoas ou dois grupos, mútuo);
Súdito: Que está submetido à vontade de outrem, sujeito.
INTRODUÇÃO
O Antigo e o Novo Testamento exaltam a justiça do Trono de Deus.
A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices. (Sl 19.7). "A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade. (Sl 119.142)
Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo. (Mateus 10:41)
1. As leis da reciprocidade
No Sermão do Monte Jesus ensinou: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim, fazei-o vós também a eles" (Mt 7.12). É a isto que chamamos "lei da reciprocidade" e constitui um princípio básico do Evangelho. O Mestre o chama de "segundo mandamento"
"E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar. E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas". (Mt 22:34-38)
Causas e Efeitos
Na física, isto significa que toda ação resulta em uma reação ou efeito correspondente. Aplicada ao Reino de Deus, indica que por uma ação redentora de Jesus fomos resgatados da nossa "vã maneira de viver".
"Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado", I Pe 1:15;18-19)
COMENTÁRIO EXTRA (1)
Quem eram os escribas e os fariseus?
O Rei nos revela algumas características deles: Eles ensinavam corretamente as Escrituras (Mt 23.3). Procuravam cumprir a justiça da Lei nos mínimos detalhes. Pelo menos que fosse do conhecimento público, não roubavam. Não eram injustos. Não adulteravam. Jejuavam muitas vezes (Mt 9.14) e davam o dízimo de tudo o que tinham (Lc 11.42; 18.11-12). Eles eram zelosos e dotados de qualidades especiais por isto eram representantes da religião (Mt 23.2,27, 29) e guardas das tradições judaicas antigas (Mc 7.3).
Dar e receber
Esta é uma lei do Reino de Deus que deve ser observada por todos os seus súditos, pois todos são mordomos do Rei. Não se trata de generosidade, mas de serviço.
O Rei entrega os seus "bens" para que seus "mordomos" os administrem do modo como Ele mesmo os administraria (Mt 24. 45-47; 25.14).
Assim, o "dar" e o "receber" não se limita aos nossos semelhantes, mas estende-se ao Estado (Mc 12.17) e ao próprio Deus a quem devemos devolver fielmente aquilo que Ele nos confiou em quantidade, qualidade e ocasião oportuna (Mt 25.20).
COMENTÁRIO EXTRA (2)
Não é exagero afirmar que a plena prosperidade dos súditos do Reino está condicionada a fidelidade deles em devolver ao Rei o que Lhe pertence (Mt 25.21) e dar ao próximo na mesma medida que eles mesmos receberam de Deus (Lc 6.38; Mt 18.23-35).
Semeadura e Colheita
Quando, arrependido, o pecador recebe o sacrifício de Cristo (Cl 2.13,14) e dEle se reveste (Cl 3.9). Depois disto, vigora no Reino a Lei da Semeadura e da Colheita (1Co 11.29.30; Gl 6.8) pela qual Paulo exorta:
"Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6.7).
COMENTÁRIO EXTRA (3)
O perdão divino purifica-nos da mancha do pecado que nos torna inaceitáveis aos olhos de Deus (1Jo 1.9), mas não nos exime de colher os resultados práticos das nossas ações.
A Lei da Semeadura e da Colheita, tão claramente apresentada na Bíblia, indica, entre outras coisas, que os salvos responderão a Deus somente pelos pecados praticados depois de haverem sido lavados, santificados, justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus (1Co 6.11).
Significa, também, que os que voluntariamente rejeitam a Cristo são responsáveis por sua natureza pecaminosa bem como por todas as obras praticadas sobre ela (Ap 20.12,15).
2. A lei de utilização dos recursos do reino
Uma nação desenvolvida possui leis de administração pública, rigorosas e claras, bem como leis e normas de convívio social.
Oferece aos seus habitantes, naturais e estrangeiros, muitos benefícios e vantagens especiais como saúde, educação, lazer, poder econômico, segurança, liberdade, etc.
Seus cidadãos têm um forte sentimento de prazer e orgulho por pertencerem a um povo que se destaca no cenário político mundial.
No Reino de Deus não é diferente. Porém, as vantagens, os benefícios e os sentimentos de seus súditos são de outra natureza e motivação e, as leis de uso dos recursos do Reino são infinitamente superiores.
Lei do uso de dons espirituais e capacidades naturais
Em todos os tempos o Reino de Deus é difundido e estabelecido na Terra de maneira eficaz através:
Dos servos de Deus em geral (Is 44,28; Jr 27.6; Mt 28.18).
De indivíduos vocacionados para ministérios específicos, aos quais o Rei concede dons espirituais adequados e suficientes ao bom desempenho da missão que lhes foi confiada(1Co 12.4-10; Ef 4.11) e de pessoas dotadas de dons (Et 2.7) e capacidades naturais (Ex 28.3; 31.2-6; 2Sm 16.16,23) que usam seus corpos e realizam suas atividades com vista à promoção do Reino.
Todos eles prestarão contas da sua mordomia ao Rei (Mt 7.22; 2Co 5.10).
COMENTÁRIO EXTRA (4)
Os funcionários públicos da União são regidos pelo Estatuto dos Servidores Públicos. De forma semelhante os agentes do Reino de Deus são regidos pelo "Estatuto do Uso de Dons Espirituais e Capacidades Naturais" cujas disposições se encontram na Bíblia Sagrada e compreendem:
- Justiça (1Jo 3.7),
- Santidade e paz (Hb 12.14),
- Altruísmo (1Co 10.24),
- Desembaraço (2Tm 2.4; Hb 12.1),
- Dedicação (Rm 12.7)
- Liberdade (1Te 4.6),
- Fidelidade à vocação (1Co 7.20; 1Tm 4.5c; Ef 4.1),
- Obediência (1Pe 1.2,22),
- Humildade (1Pe 5.6),
- Investimento na vocação (1Co 12.31; 2Pe 1.10),
- Discrição (2Co 6.3),
- Atenção (Cl 4.17),
- Honestidade (Rm 13.8; 2Co 7.2),
- Sabedoria, bom senso e equilíbrio (Cl 4.5,6),
- Sobriedade e disposição para sofrer aflições (2Tm 4.5; Jo 16.33), entre outros.
Lei do exercício das funções ministeriais
Paulo instrui-nos: "Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; (...)
(...) Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria (2Tm 2.4; Rm 12.6-8)".
Lei do uso de bens materiais e recursos financeiros
A Parábola dos Talentos expressa o valor da fidelidade à Lei de Administração de Recursos Matérias do Reino de Deus.
O Rei estabeleceu o uso que fazemos dos recursos matérias como referência para que Ele nos confie maiores responsabilidades (Mt 25.21-23).
Embora o Reino de Deus seja de natureza espiritual, porque Deus é espírito (Jo 4.24), seus agentes (humanos) trabalham também com recursos matérias (patrimoniais, financeiros, monetários) que o Rei lhes entrega liberalmente.
A apropriação e a má administração dos recursos do Reino são severamente punidas pelo Rei (Lc 12.16-21; Mt 24.47-51; 25.27-30).
3. A lei de recompensas
A distribuição de recompensas, que incluem também, a promoção pessoal (Mt 24.47; Lc 12.44), é feita observando alguns critérios:
Leva-se em conta o fundamento, os métodos e a qualidade
Paulo disse: ''Vós sois lavouras de Deus e edifícios de Deus (...). Eu, (...), pus o fundamento, (...); mas veja (como) cada um edifica sobre Ele (1Co 3.9,10)".
Os agentes do Reino devem se certificar sobre que fundamento (onde) praticam suas obras, ser criteriosos no modo como agem e verificarem, com freqüência, a qualidade (com que) do produto final de suas ações, (...)
(...) pois eles mesmos são a lavoura de Deus em crescimento e o edifício de Deus em construção sobre o fundamento, o qual é o próprio Cristo.
COMENTÁRIO EXTRA (5)
Portanto, qualquer obra feita com descuido, desleixo ou sobre outras bases resultará em perda, deformidade e riscos para o Reino e quando forem avaliadas pelo Rei, serão eliminadas (1Co 3.12-17).
Avaliam-se as motivações do coração
Já vimos os aspectos práticos do julgamento. Mas o Rei perguntará ainda: Por quê?
Os "porquês" da vida estão relacionados aos aspectos subjetivos ou motivos íntimos que nos levam a ação ou omissão. Eles são muito importantes para o Rei, que recomenda:
Quando deres esmola, quando orares, quando jejuares e quando emprestares façam tudo movidos pelo desejo de agradar somente ao vosso Pai Celestial. Ele que vê as suas obras secretas te recompensará publicamente (Mt 6.1-6; Lc 6.34).
COMENTÁRIO EXTRA (6)
A Bíblia valoriza de modo especial, três práticas de piedade: A esmola, a oração e o jejum. A esmola é a abertura do coração para o próximo, especialmente, para o paupérrimo que depende da caridade alheia para sobreviver.
Orar é entrar em comunhão com Deus, é se projetar no santuário de Deus (Sl 73.17), acima das imperfeições e limites humanos.
O jejum é a providência que o discípulo toma ao constatar a necessidade de subjugar as próprias paixões, os próprios sentimentos e os próprios instintos carnais que lutam contra sua nova natureza espiritual.
Tudo deve ser feito com a máxima discrição:
- A esmola deve ser dada sem ostentação;
- A oração individual, feita no retiro do próprio quarto, tendo somente Deus como testemunha;
- O jejum deve ser feito com todos os cuidados habituais com a aparência física, para se evitar todo aspecto de abatimento.
Quem age assim, é visto por Deus, que vê até mesmo o que se passa no âmago da mente e do coração.
Pergunta-se o propósito de cada ação ou omissão
O propósito é outro aspecto subjetivo que o Rei levará em conta na apreciação das obras de seus súditos e agentes.
Ele perguntará: Para que você fez isto? Só existe uma resposta que, se resistir aos ouvidos dAquele que discerne pensamentos e intenções, merecerá recompensa: Fiz tudo para a glória de Deus (Mt 5.16; 1Co 10.31; Fl 1.9-11; 1Pe 4.11,14).
4. A lei do amor
A Lei do Amor é aquela que fundamenta e da qual brotam todas as recomendações, normas e estatutos que vigem no Reino de Deus, cujo propósito é conduzir os seus súditos e agentes humanos à perfeição de Cristo. Nela temos duas ordenanças acompanhadas do modo como devem ser cumpridas:
Amarás ao Senhor teu Deus
Este mandamento é acompanhado da qualidade e a quantidade do amor que os súditos e agentes do Reino devem dedicar a Deus:
"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento". A palavra todo precede cada dimensão do ser humano que deve "amar ao Senhor teu Deus".
Isto significa plenitude, totalidade, perfeição. Tudo em nós deve amar a Deus. O amor a Deus deve estar acima do amor a nós mesmos.
COMENTÁRIO EXTRA (7)
Nenhuma partícula de nosso ser está dispensada de cumprir esta lei e deve dedicar a Deus amor incomparável ao que dedica a qualquer outro ser ou objeto. Que meios dispomos para cumprir mandamento tão sublime e difícil?
Amarás o teu próximo
De forma proposital e didática o mandamento de amar a Deus precede o de amar o próximo, porque seria impossível amar corretamente o próximo sem amar perfeitamente a Deus.
O Rei toma como ofensa pessoal nosso desamor para com o próximo: Tudo quanto fizerdes ou deixardes de fazer a um destes meus pequeninos irmãos a mim o fizestes ou deixastes de fazer (Mt 25.40,45).
Como amar o próximo
Prevenindo compreensões distorcidas, como a do sacerdote e a do levita da Parábola do Semeador, o Legislador do Reino definiu: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19.18)".
Não somos ordenados a amar a nós mesmos porque já o fazemos naturalmente. Natural é aquilo que faz parte da nossa natureza.
Como filhos de Deus, temos a Sua natureza. E Deus é amor. Dediquemos a nós mesmos a medida certa de amor e jamais faltaremos no dever de amar o próximo.
COMENTÁRIO EXTRA (8)
Na Parábola do Bom Samaritano um sacerdote e um levita não puderam cumprir o segundo mandamento porque imaginavam que se praticassem corretamente os cerimoniais e rituais religiosos estariam cumprindo o maior mandamento e que isto os isentava dos deveres para com o outro.
Eles não socorreram o homem ferido porque, se ele estivesse morto ou viesse a morrer em suas mãos, ficariam de quarentena e impedidos de oficiar o culto a Deus. No entendimento deles isto seria o mesmo que amar mais ao próximo do que a Deus.
CONCLUSÃO
Os princípios e leis do Reino de Deus apresentados nesta lição podem ser notados nas leis de administração e funcionalismo público da maioria das nações do mundo contemporâneo.
Mas, em muitos casos são distorcidos e adulterados com a finalidade de confundir e corromper os súditos do próprio Reino que as inspirou. Vigiemos, pois, em todo o tempo, servindo ao Senhor.
Fontes: Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa - Editora Betel
Revista Cidadania Cristã – Editora Betel - 3º Trimestre 2009 – Lição 12