Lição 12 - CONHECENDO AS LEIS DO REINO DE DEUS


Queridos irmãos, A Paz do Senhor!

Estamos na DÉCIMA SEGUNDA lição da revista CIDADANIA CRISTÃ - terceiro trimestre de 2009.

Nosso comentarista é o Pastor Dr. Abner de Cássio Ferreira. O tema da semana é:

CONHECENDO AS LEIS DO REINO DE DEUS

Professor: Pr. Leonardo Antonio Garcez


TEXTO ÁUREO

"O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de eqüidade". Sl 45.6


VERDADE APLICADA

O propósito das Leis do Reino de Deus é conduzir seus súditos e agentes à perfeição de Cristo.


OBJETIVOS DA LIÇÃO

1) Fazer ver que as leis do Reino de Deus inspiram as leis terrenas e ao mesmo tempo são incompatíveis com elas.

2) Incutir na mente e no coração que as Leis do Reino de Deus não são incompatíveis com Sua graça libertadora.

3) Lembrar que fomos libertos da lei do pecado e da morte pela Lei do Espírito de Vida em Cristo Jesus.

GLOSSÁRIO

Quarentena: espaço de tempo (originalmente 40 dias) durante o qual os passageiros procedentes de países onde há doenças contagiosas graves são obrigados a permanecerem a bordo do navio em que viajam, sem contato físico com pessoal de terra ou lazareto (isolados);

Reciprocidade: Qualidade de recíproco (*que implica troca ou permuta, que se permuta entre duas pessoas ou dois grupos, mútuo);

Súdito: Que está submetido à vontade de outrem, sujeito.

INTRODUÇÃO

O Antigo e o Novo Testamento exaltam a justiça do Trono de Deus.

A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices. (Sl 19.7). "A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade. (Sl 119.142)

Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo. (Mateus 10:41)


1. As leis da reciprocidade


No Sermão do Monte Jesus ensinou: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim, fazei-o vós também a eles" (Mt 7.12). É a isto que chamamos "lei da reciprocidade" e constitui um princípio básico do Evangelho. O Mestre o chama de "segundo mandamento"

"E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar. E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas". (Mt 22:34-38)

Causas e Efeitos

Na física, isto significa que toda ação resulta em uma reação ou efeito correspondente. Aplicada ao Reino de Deus, indica que por uma ação redentora de Jesus fomos resgatados da nossa "vã maneira de viver".

"Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado", I Pe 1:15;18-19)

COMENTÁRIO EXTRA (1)

Quem eram os escribas e os fariseus?

O Rei nos revela algumas características deles: Eles ensinavam corretamente as Escrituras (Mt 23.3). Procuravam cumprir a justiça da Lei nos mínimos detalhes. Pelo menos que fosse do conhecimento público, não roubavam. Não eram injustos. Não adulteravam. Jejuavam muitas vezes (Mt 9.14) e davam o dízimo de tudo o que tinham (Lc 11.42; 18.11-12). Eles eram zelosos e dotados de qualidades especiais por isto eram representantes da religião (Mt 23.2,27, 29) e guardas das tradições judaicas antigas (Mc 7.3).

Dar e receber

Esta é uma lei do Reino de Deus que deve ser observada por todos os seus súditos, pois todos são mordomos do Rei. Não se trata de generosidade, mas de serviço.

O Rei entrega os seus "bens" para que seus "mordomos" os administrem do modo como Ele mesmo os administraria (Mt 24. 45-47; 25.14).

Assim, o "dar" e o "receber" não se limita aos nossos semelhantes, mas estende-se ao Estado (Mc 12.17) e ao próprio Deus a quem devemos devolver fielmente aquilo que Ele nos confiou em quantidade, qualidade e ocasião oportuna (Mt 25.20).

COMENTÁRIO EXTRA (2)

Não é exagero afirmar que a plena prosperidade dos súditos do Reino está condicionada a fidelidade deles em devolver ao Rei o que Lhe pertence (Mt 25.21) e dar ao próximo na mesma medida que eles mesmos receberam de Deus (Lc 6.38; Mt 18.23-35).

Semeadura e Colheita

Quando, arrependido, o pecador recebe o sacrifício de Cristo (Cl 2.13,14) e dEle se reveste (Cl 3.9). Depois disto, vigora no Reino a Lei da Semeadura e da Colheita (1Co 11.29.30; Gl 6.8) pela qual Paulo exorta:

"Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6.7).

COMENTÁRIO EXTRA (3)

O perdão divino purifica-nos da mancha do pecado que nos torna inaceitáveis aos olhos de Deus (1Jo 1.9), mas não nos exime de colher os resultados práticos das nossas ações.

A Lei da Semeadura e da Colheita, tão claramente apresentada na Bíblia, indica, entre outras coisas, que os salvos responderão a Deus somente pelos pecados praticados depois de haverem sido lavados, santificados, justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus (1Co 6.11).

Significa, também, que os que voluntariamente rejeitam a Cristo são responsáveis por sua natureza pecaminosa bem como por todas as obras praticadas sobre ela (Ap 20.12,15).

2. A lei de utilização dos recursos do reino

Uma nação desenvolvida possui leis de administração pública, rigorosas e claras, bem como leis e normas de convívio social.

Oferece aos seus habitantes, naturais e estrangeiros, muitos benefícios e vantagens especiais como saúde, educação, lazer, poder econômico, segurança, liberdade, etc.

Seus cidadãos têm um forte sentimento de prazer e orgulho por pertencerem a um povo que se destaca no cenário político mundial.

No Reino de Deus não é diferente. Porém, as vantagens, os benefícios e os sentimentos de seus súditos são de outra natureza e motivação e, as leis de uso dos recursos do Reino são infinitamente superiores.

Lei do uso de dons espirituais e capacidades naturais

Em todos os tempos o Reino de Deus é difundido e estabelecido na Terra de maneira eficaz através:

Dos servos de Deus em geral (Is 44,28; Jr 27.6; Mt 28.18).

De indivíduos vocacionados para ministérios específicos, aos quais o Rei concede dons espirituais adequados e suficientes ao bom desempenho da missão que lhes foi confiada(1Co 12.4-10; Ef 4.11) e de pessoas dotadas de dons (Et 2.7) e capacidades naturais (Ex 28.3; 31.2-6; 2Sm 16.16,23) que usam seus corpos e realizam suas atividades com vista à promoção do Reino.

Todos eles prestarão contas da sua mordomia ao Rei (Mt 7.22; 2Co 5.10).

COMENTÁRIO EXTRA (4)

Os funcionários públicos da União são regidos pelo Estatuto dos Servidores Públicos. De forma semelhante os agentes do Reino de Deus são regidos pelo "Estatuto do Uso de Dons Espirituais e Capacidades Naturais" cujas disposições se encontram na Bíblia Sagrada e compreendem:

  1. Justiça (1Jo 3.7),
  2. Santidade e paz (Hb 12.14),
  3. Altruísmo (1Co 10.24),
  4. Desembaraço (2Tm 2.4; Hb 12.1),
  5. Dedicação (Rm 12.7)
  6. Liberdade (1Te 4.6),
  7. Fidelidade à vocação (1Co 7.20; 1Tm 4.5c; Ef 4.1),
  8. Obediência (1Pe 1.2,22),
  9. Humildade (1Pe 5.6),
  10. Investimento na vocação (1Co 12.31; 2Pe 1.10),
  11. Discrição (2Co 6.3),
  12. Atenção (Cl 4.17),
  13. Honestidade (Rm 13.8; 2Co 7.2),
  14. Sabedoria, bom senso e equilíbrio (Cl 4.5,6),
  15. Sobriedade e disposição para sofrer aflições (2Tm 4.5; Jo 16.33), entre outros.

Lei do exercício das funções ministeriais

Paulo instrui-nos: "Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; (...)

(...) Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria (2Tm 2.4; Rm 12.6-8)".

Lei do uso de bens materiais e recursos financeiros

A Parábola dos Talentos expressa o valor da fidelidade à Lei de Administração de Recursos Matérias do Reino de Deus.

O Rei estabeleceu o uso que fazemos dos recursos matérias como referência para que Ele nos confie maiores responsabilidades (Mt 25.21-23).

Embora o Reino de Deus seja de natureza espiritual, porque Deus é espírito (Jo 4.24), seus agentes (humanos) trabalham também com recursos matérias (patrimoniais, financeiros, monetários) que o Rei lhes entrega liberalmente.

A apropriação e a má administração dos recursos do Reino são severamente punidas pelo Rei (Lc 12.16-21; Mt 24.47-51; 25.27-30).


3. A lei de recompensas

A distribuição de recompensas, que incluem também, a promoção pessoal (Mt 24.47; Lc 12.44), é feita observando alguns critérios:

Leva-se em conta o fundamento, os métodos e a qualidade

Paulo disse: ''Vós sois lavouras de Deus e edifícios de Deus (...). Eu, (...), pus o fundamento, (...); mas veja (como) cada um edifica sobre Ele (1Co 3.9,10)".

Os agentes do Reino devem se certificar sobre que fundamento (onde) praticam suas obras, ser criteriosos no modo como agem e verificarem, com freqüência, a qualidade (com que) do produto final de suas ações, (...)

(...) pois eles mesmos são a lavoura de Deus em crescimento e o edifício de Deus em construção sobre o fundamento, o qual é o próprio Cristo.

COMENTÁRIO EXTRA (5)

Portanto, qualquer obra feita com descuido, desleixo ou sobre outras bases resultará em perda, deformidade e riscos para o Reino e quando forem avaliadas pelo Rei, serão eliminadas (1Co 3.12-17).

Avaliam-se as motivações do coração

Já vimos os aspectos práticos do julgamento. Mas o Rei perguntará ainda: Por quê?

Os "porquês" da vida estão relacionados aos aspectos subjetivos ou motivos íntimos que nos levam a ação ou omissão. Eles são muito importantes para o Rei, que recomenda:

Quando deres esmola, quando orares, quando jejuares e quando emprestares façam tudo movidos pelo desejo de agradar somente ao vosso Pai Celestial. Ele que vê as suas obras secretas te recompensará publicamente (Mt 6.1-6; Lc 6.34).

COMENTÁRIO EXTRA (6)

A Bíblia valoriza de modo especial, três práticas de piedade: A esmola, a oração e o jejum. A esmola é a abertura do coração para o próximo, especialmente, para o paupérrimo que depende da caridade alheia para sobreviver.

Orar é entrar em comunhão com Deus, é se projetar no santuário de Deus (Sl 73.17), acima das imperfeições e limites humanos.

O jejum é a providência que o discípulo toma ao constatar a necessidade de subjugar as próprias paixões, os próprios sentimentos e os próprios instintos carnais que lutam contra sua nova natureza espiritual.
Tudo deve ser feito com a máxima discrição:

  • A esmola deve ser dada sem ostentação;
  • A oração individual, feita no retiro do próprio quarto, tendo somente Deus como testemunha;
  • O jejum deve ser feito com todos os cuidados habituais com a aparência física, para se evitar todo aspecto de abatimento.

Quem age assim, é visto por Deus, que vê até mesmo o que se passa no âmago da mente e do coração.

Pergunta-se o propósito de cada ação ou omissão

O propósito é outro aspecto subjetivo que o Rei levará em conta na apreciação das obras de seus súditos e agentes.

Ele perguntará: Para que você fez isto? Só existe uma resposta que, se resistir aos ouvidos dAquele que discerne pensamentos e intenções, merecerá recompensa: Fiz tudo para a glória de Deus (Mt 5.16; 1Co 10.31; Fl 1.9-11; 1Pe 4.11,14).

4. A lei do amor

A Lei do Amor é aquela que fundamenta e da qual brotam todas as recomendações, normas e estatutos que vigem no Reino de Deus, cujo propósito é conduzir os seus súditos e agentes humanos à perfeição de Cristo. Nela temos duas ordenanças acompanhadas do modo como devem ser cumpridas:

Amarás ao Senhor teu Deus

Este mandamento é acompanhado da qualidade e a quantidade do amor que os súditos e agentes do Reino devem dedicar a Deus:

"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento". A palavra todo precede cada dimensão do ser humano que deve "amar ao Senhor teu Deus".

Isto significa plenitude, totalidade, perfeição. Tudo em nós deve amar a Deus. O amor a Deus deve estar acima do amor a nós mesmos.

COMENTÁRIO EXTRA (7)

Nenhuma partícula de nosso ser está dispensada de cumprir esta lei e deve dedicar a Deus amor incomparável ao que dedica a qualquer outro ser ou objeto. Que meios dispomos para cumprir mandamento tão sublime e difícil?

Amarás o teu próximo

De forma proposital e didática o mandamento de amar a Deus precede o de amar o próximo, porque seria impossível amar corretamente o próximo sem amar perfeitamente a Deus.

O Rei toma como ofensa pessoal nosso desamor para com o próximo: Tudo quanto fizerdes ou deixardes de fazer a um destes meus pequeninos irmãos a mim o fizestes ou deixastes de fazer (Mt 25.40,45).

Como amar o próximo

Prevenindo compreensões distorcidas, como a do sacerdote e a do levita da Parábola do Semeador, o Legislador do Reino definiu: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19.18)".

Não somos ordenados a amar a nós mesmos porque já o fazemos naturalmente. Natural é aquilo que faz parte da nossa natureza.

Como filhos de Deus, temos a Sua natureza. E Deus é amor. Dediquemos a nós mesmos a medida certa de amor e jamais faltaremos no dever de amar o próximo.

COMENTÁRIO EXTRA (8)

Na Parábola do Bom Samaritano um sacerdote e um levita não puderam cumprir o segundo mandamento porque imaginavam que se praticassem corretamente os cerimoniais e rituais religiosos estariam cumprindo o maior mandamento e que isto os isentava dos deveres para com o outro.

Eles não socorreram o homem ferido porque, se ele estivesse morto ou viesse a morrer em suas mãos, ficariam de quarentena e impedidos de oficiar o culto a Deus. No entendimento deles isto seria o mesmo que amar mais ao próximo do que a Deus.

CONCLUSÃO

Os princípios e leis do Reino de Deus apresentados nesta lição podem ser notados nas leis de administração e funcionalismo público da maioria das nações do mundo contemporâneo.

Mas, em muitos casos são distorcidos e adulterados com a finalidade de confundir e corromper os súditos do próprio Reino que as inspirou. Vigiemos, pois, em todo o tempo, servindo ao Senhor.

Fontes: Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa - Editora Betel

Revista Cidadania Cristã – Editora Betel - 3º Trimestre 2009 – Lição 12

LIÇÃO 11 - A ESTRUTURA JURÍDICA DO REINO DE DEUS

Queridos irmãos, A Paz do Senhor!

Estamos na DÉCIMA PRIMEIRA lição da revista CIDADANIA CRISTÃ - terceiro trimestre de 2009. Nosso comentarista é o Pastor Dr. Abner de Cássio Ferreira. O tema da semana é:

A ESTRUTURA JURÍDICA DO REINO DE DEUS

TEXTO ÁUREO

“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Mt 6.33.

VERDADE APLICADA

Deus providenciou o meio eficaz pelo qual o homem pudesse nascer de novo, com uma nova vontade, capaz de buscar primeiro o Reino de Deus e a sua justiça.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

1) Mostrar que as leis e princípios jurídicos do Reino de Deus são todos aplicáveis à Igreja;

2) Ensinar que o Reino dos céus é estruturado sobre leis justas originadas no caráter de Deus;

3) Esclarecer que a era da graça ou era da Igreja não é um período de ausência de lei, de moral e de ética no Reino de Deus.

GLOSSÁRIO

Arauto: Nas monarquias da Idade Média, oficial que fazia as proclamações solenes, conferia títulos de nobreza, transmitia mensagens, anunciava a guerra e proclamava a paz;

Coação: Estado de quem se vê coagido;

Símplice: Elevar pela doce beleza setentrional e modo simples de outrem.

INTRODUÇÃO

Tanto no Antigo como no Novo Testamento aparece a estrutura jurídica do Reino de Deus bem como as regras para se entrar e viver nele.

Jesus, antes de sua morte, anunciou o Evangelho do Reino (Lc 8.1), ensinou sobre a importância de se viver no Reino (Mt 13.44) e, ressurreto, instruiu os discípulos acerca do Reino (At 1:3). Os apóstolos proveram a Igreja de valiosos ensinamentos sobre o Reino. É o que estudaremos nesta lição.

O “Reino de Deus”, equivalente a “Reino dos Céus” e ao “Trono de Deus”, aparece nos Evangelhos 91 vezes. Em Atos dos Apóstolos 9 vezes. Nas epístolas, 26 vezes. Em Apocalipse, 33 vezes. Totalizando 159 referências ao Reino de Deus.

Deste total, 39 (mais de 40%) estão relacionadas a questões jurídicas como princípios, normas, tribunais, advertências, julgamentos, condenações, exaltações e manifestações da reta justiça de Deus. Por estes números concluímos que vale a pena estudar os aspectos jurídicos do Reino de Deus.


1. O REINO DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento não aparece a expressão “Reino de Deus”. Mas as características do Rei e do reino, o reconhecimento de que Jeová é o Senhor sobre toda a Terra e profecias de que “naquele dia” todas as nações reconhecerão o domínio e soberania de Deus que aparecem em inúmeras passagens como (Sl 45.6; 1Cr 16.31; Is 32.1-5; Zc 2.11). Os Escritos Antigos falam da realeza de Deus e do seu Reino:

Como realidade política e espiritual para Israel

Por sua soberania, Deus escolheu Israel, entre todas as nações para, a partir dele, estabelecer a sede de seu governo na Terra (Ex 19.5,6).

Desde então Israel passou a ser a expressão terrena do reino de Deus (1Cr 29.11). Por causa da desobediência, Deus interrompeu seu reino sobre Israel (Lm 5.16; Ez 16.59), mas prometeu restabelecê-lo por um descente de Davi que reinará em verdade e retidão (Ez 16.60; Is 9.6-7; Dn 2.44; 7:14).

Como realidade espiritual desconhecida das nações gentílicas

A maioria das nações e reinos, do tempo do Antigo Testamento, não conheciam a Deus como conhecemos hoje, mas eram, mesmo assim, instrumentos da Sua vontade (Is 45.13).

Deus julga povos e nações ímpias que se opõem a Sua reta vontade e ao estabelecimento do seu Reino (Sl 96.13; Mq 4.3; Is 45.23).

Como um direito de Deus sobre o mundo

O Reino de Deus se estende sobre toda a criação, animada e inanimada, racional e irracional, humana e angelical.

No Antigo Testamento o Reino de Deus é visto como um direito do Criador sobre a criatura (Is 45.9). O Senhor criou todas as coisas e governa sobre elas com justiça e retidão (Is 45. 7,8).

Como Criador e Sustentador do mundo sua soberania abrange todas as coisas (Sl 33.4-11). Neste sentido, todos os homens, mesmo os ímpios, são servos do Reino (Jr 25.9; 27.6) e estão a serviço dele (Is 44.28; 45.4).


2. O REINO DE DEUS NOS EVANGELHOS

O Reino de Deus é uma condição, tempo, lugar, pessoa, estado, situação ideal em que tudo e todos se sujeitam ao Senhor e a Sua vontade e na qual Sua autoridade prevalece.

Ainda aguardamos sua plena manifestação. Jesus aponta para vários aspectos importantes em Sua abordagem a respeito do Reino. Destacaremos, entretanto, somente os que se relacionam ao tema deste trimestre:

Os princípios fundamentais do Reino

Ao ensinar os discípulos a orar: “Santificado seja o Teu nome. Venha o Teu Reino. Seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no céu”, Jesus deixa claro que os princípios fundamentais do Reino são santidade, justiça e autoridade.

Estes são princípios incompatíveis com a vontade humana contaminada pelo pecado. Por isto, para que o Reino possa ser estabelecido em toda a sua plenitude, sem ferir esses princípios, o próprio Deus providenciou um meio pelo qual o homem pudesse nascer de novo, com uma nova vontade, capaz de desejar ardente e voluntariamente que “venha o Teu Reino”.

O ingresso no reino

Os arautos do Rei convidam a todos os homens, indiscriminadamente, para que entrem no reino. Ninguém ingressa ou permanece no Reino pela força ou coação (Mt 22. 2-10).

Mas existem condições e características indispensáveis para ver (Jo 3.3), entrar (Lc 18.17; Jo 3.3) e permanecer no Reino do Grande Rei (Mt 22.11-13).

Os empecilhos à entrada ou permanência no Reino

Qualquer coisa que seja contrária à santidade, justiça e a autoridade do Rei constitui obstáculos à entrada no Reino:

“Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniqüidade...”,

“nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus...”

“se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus...”

“qualquer que não receber o Reino de Deus como menino, não entrará nele” (Mt 13.41, 1Co 6.10; Mt 5.20; Lc 18.17).


3. A SUPERIORIDADE DAS LEIS DO REINO DE DEUS

Muitos teólogos, escritores, pastores e pregadores evitam a expressão ‘Leis do Reino’ por receio de serem considerados legalistas.

Porém, toda a criação de Deus possui leis especificas que a organiza, rege e ordena. Por que seria diferente no Reino em que o Criador é o Soberano? Seu reino possui leis em tudo superiores as leis humanas e as naturais.

As Leis do Reino de Deus são superiores quanto à origem

As leis e os princípios que regem o Reino de Deus são superiores porque vêm do próprio Deus.

“Porque Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, logo, todos os seus caminhos justos são; porque Deus é a verdade, não há nele injustiça; justo e reto é” (Dt 32.4).

A justiça do Reino de Deus é uma justiça eterna, e a sua lei é a verdade (Sl 119.142). Do Senhor sairá à lei, e o juízo que fará repousar para a luz dos povos (Is 51.4).

As leis do Reino de Deus são superiores quanto à extensão

Ainda que os governos e reinos humanos editem algumas leis para proteger a natureza, não existe no universo jurídico terreno nenhuma lei capaz, por exemplo, de conter as ondas do mar, mudar os tempos das erupções vulcânicas, ordenarem as estações do ano, etc. Mas as leis do Reino de Deus se estendem a toda a criação. Nada e ninguém podem escapar à legislação do Rei dos reis (Jr 5.22; Jó 38.33; Sl 74.17; Sl 103.19-22; At 17.26).

As leis do Reino de Deus são superiores quanto à eficácia

As leis do Reino de Deus agem com eficiência no interior das pessoas levando-as a produzirem os comportamentos e obras desejadas pelo Supremo Legislador (Ez 36.26,27; Hb 10.16; Gl 5.22), porque “a Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices” (Sl 19.7).

As leis dos reinos e governos terrenos, por melhores que sejam, somente regulam, reprimem, punem ou recompensam as ações humanas, mas são incapazes de agir sobre a natureza e o caráter, produtores de comportamentos e ações indesejáveis ou incompatíveis com a justiça e a paz, e modificá-los.


4. A LEI DO REINO É A NOVA ALIANÇA

A Antiga Aliança consistia em observar e cumprir um conjunto de regras e mandamentos externos à natureza humana; a Nova Aliança, a qual Paulo chama de “Lei do Espírito de Vida” consiste em nascer de novo com uma nova natureza e um novo coração no qual a Lei de Deus foi escrita. A Nova Aliança liberta da condenação, é radical, é ousada e não admite meio termo e timidez:


A Nova Aliança liberta da condenação

As leis terrenas descriminalizam práticas criminosas que se tornam habituais na sociedade.

A Lei do Reino não prevê a possibilidade de santificar práticas pecaminosas continuadas e generalizadas.

Ela estabelece e possibilita a santificação das pessoas, através de Cristo e a sua oferta de um novo coração. E determina: “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”.


A Nova Aliança do Reino é radical

Não podemos confundir a era da graça ou era da Igreja com um período de ausência de lei, de moral e de ética no Reino.

Ao contrário, a Nova Aliança foi selada de forma radical com o sangue de Jesus (Lc 22.20). Ela contempla todas as dimensões e aspectos da vida humana (Lc 10.27).

É radical e não admite meio termo: “se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. Qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele (Mt 5.20; Lc 18.17)”.


A Nova Aliança do Reino é ousada

Os filhos de Deus muitas vezes são descritos como pessoas sem perspectivas de uma vida feliz e próspera neste mundo, que tem medo de ousar, de correr riscos, de se libertar de preconceitos e, que por estes motivos, projetam toda a sua esperança num ‘utópico Reino de Deus’.

Mas não é assim. Eles têm outras opções e projetos de vida, muitos até empolgantes e lucrativos, mas com toda a ousadia e coragem trocaram tudo pelo Reino de Deus (Mt 13.44-46).

Eles não são preconceituosos e tímidos. Mas não confundem rejeição ao pecado com preconceito. Eles têm coragem de abraçar a Nova Aliança (AP 21.8) e abrir mão do prazer do pecado pelo gozo do Reino (Cl 3.4,5; Hb 12.1; 1Pe 1.4; 22.15).


CONCLUSÃO

A perfeição e solidez da estrutura jurídica do Reino de Deus que aparecem em toda a criação, que é exaltada em toda a Bíblia, que é ordenada à Igreja e refletida, ainda que toscamente nas estruturas jurídicas temporais, manifestam a santidade, a bondade, a retidão de Deus e a perfeição e grandeza da Sua Justiça (Sl 33.5; 36.6; 84.14).

Fontes: Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa - Editora Betel

Revista Cidadania Cristã – Editora Betel - 3º Trimestre 2009 – Lição 11